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Entrevista exclusiva com Alexandre Sampaio, presidente da FBHA

No mês de maio deste ano, o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, esteve em Belém participando da criação e posse do Conselho Empresarial do Turismo (CETUR). Nessa oportunidade, ele concedeu entrevista exclusiva ao Portal Pará Trip. Confira.

Portal Pará Trip – A regionalização do transporte aéreo fortalece a cadeia do turismo, facilitando a logística dentro do Estado. Como o Pará pode trabalhar para que haja eficiência na oferta de transporte ao turista?

Alexandre Sampaio: Acima de tudo, é necessário ter escala; criar demandas para poder potencializar este crescimento, porque nada se faz somente com investimento unilateral, pensando que você não vai obter o resultado seja qual for a empresa que irá explorar. Precisamos resolver os gargalos. Acho que o governo do estado já deu um grande passo com a questão do ICMS; você já dispõe disso para uma negociação com qualquer empresa aérea, mas nós precisamos rever o restante dos problemas. A reforma tributária é indiscutivelmente indelével para poder melhorar este ambiente de negócios, e nós precisamos também criar sistemas para que esses aeroportos possam receber aviões e, também, terem ali uma escala de funcionamento. É tudo um conjunto de fatores, mas eu acho que a lei que possibilita 100% de capitais internacionais na aviação nacional, como foi aprovada na MP – exigindo 20% para investimentos na aviação regional –, é um grande diferencial para a gente crescer. Nada melhor que a concorrência para fazer o mercado crescer. Nós precisamos trazer novos capitais, novos investimentos. Para isso acontecer minimamente, é necessário resolver alguns aspectos de remessa de recursos de capitais internacionais que aqui se estabeleçam e outros processos que envolvam o custo da aviação regional: a questão de tributos, competitividade, pessoal, de aeronautas; um conjunto de fatores, mas que é possível fazer.

Portal Pará Trip: Como é possível potencializar o turismo regional para que o turista possa viajar dentro do próprio Estado?

Alexandre Sampaio: Não podemos comparar o Pará com outros destinos. O Pará é um estado do tamanho de vários países da Europa. As distâncias são imensas; o processo de locomoção de se fazer para acessar as cidades tem grandes dificuldades; o modal não é integrado; você tem poucas estradas; a questão da movimentação por rios é fator fundamental. Mas,isso tem que estar dentro de um processo integrado para turismo. Acho que se deve discutir os modelos que em outras partes do mundo deram certo. Existem grandes desafios pela frente. Tem que se pensar um modelo integrado com os estados da Amazônia trabalhando juntos. Nós não podemos pensar em turismo amazônico, sem trabalhar os cincos estados; desde o Amazonas e o Pará que são os maiores, mas também pegando os estados que são limítrofes. Eu acho que é uma questão de maior inserção dos estados amazônicos com os países limítrofes. Procurando potencializar emissores próximos, pode-se crescer e fazer a diferença.
Acredito que o paraense vai começar a viajar pelo Pará se tiver atrativos naturais ou atrativos de mercados dentro dessas cidades que ele vai acessar a partir das locomoções que se estabeleçam. Eu acho também que tem de ter custo. O custo Brasil é um impeditivo para você oferecer turismo de boa qualidade e de preço acessível. É um conjunto de fatores que precisam ser trabalhados juntos. Não é fácil. Mas, acredito que se arregaçarmos as mangas e trabalharmos todos em conjunto acredito ser possível alcançarmos um grande resultado.

Portal Pará Trip: No Pará, a Secretaria de Estado de Turismo, criada em novembro de 2011, está sendo extinta por meio de um novo modelo de gestão governamental no Estado. Qual modelo de gestão, na sua opinião, é mais eficiente?

Alexandre Sampaio: O modelo que eu acho que se aplica aqui ao estado é o modelo da extinta Paratur; mas não conheço ainda o modelo do governo Helder Barbalho. O que está acontecendo agora é que a Embratur será uma agência de fomento.
Uma agência de fomento é uma estrutura que recepciona PPP [Parceria Público-Privado]. Por exemplo, você quer desenvolver o turismo do Pará a partir de uma realidade no sul do Pará; então, você vai procurar capitais privados que tenham interesse naquela aérea. Evidentemente o governo do Pará tem o interesse do seu desenvolvimento local e processo de outros tipos de players. Por exemplo: indústrias que queiram levar desenvolvimento aquela região. Um arcabouço de interessados vai criar um fundo de investimentos em que todos possam ser partícipes. Vai criar um modelo de gestão em conjunto. Todos têm que estar juntos nesse processo decisório, estabelecendo metas e cronogramas de trabalho. Uma agência de fomento só funciona assim. Ela vai estabelecer o cronograma, os objetivos a serem alcançados e o retorno do capital investido, para que todos possam ganhar. Este já é o modelo que funciona. O modelo mais exitoso que conheço é o Visit Britain, na Inglaterra, que alcançou resultados fantásticos e serviu de modelo para a concepção da estrutura da Embratur, que já está pronta, e vai ser votada no segundo semestre. Eu acho que pode ser replicada em todos os estados. No Rio de Janeiro, o governo já está fazendo isso. O governo criou um modelo para ser discutido na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), mas acho que a única solução é juntar capitais privados com governo do Estado para fazer as coisas andarem.

Por Isa Arnour, Repórter Portal Pará Trip
Imagens: Adriano Nascimento

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