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Medidas tentam controlar avanço da pandemia e setor de turismo reage

Por Christina Hayne

O momento é de alerta, números de óbitos por dia no Brasil, supera o patamar de 1.400, ainda, segundo especialistas, reflexo das festas de fim de ano e das aglomerações em festas clandestinas e espaços com grande ocupação sob claro desrespeito ao cumprimento do afastamento mínimo entre pessoas. Certamente, a negação da pandemia se confirma e como resultado, o que se vê é o retorno da superlotação de hospitais; falta de vagas em leitos, UTIs e o avanço desenfreado do contágio pelo coronavírus.

Uma corrida contra o tempo dos governos estaduais e municipais para tentar reduzir os impactos econômicos e sociais e uma busca incessante para reverter o caos instalado na saúde pública em mais de 5.600 municípios brasileiros. O Brasil confirmou mais de 233 mil mortos e mais de 9,5 milhões de pessoas infectadas pelo coronavírus.

Os erros subsequentes de autoridades e entes políticos refletem além do descaso com a população, a realidade do abismo que se encontram vários segmentos de sustentação econômica das famílias brasileiras. Um cenário de perdas, desemprego, acúmulo de dívidas e falta se expectativa no futuro.

Para tentar reverter esse quadro, retorno ao fechamento de divisas e fronteiras; decretos municipais e estaduais limitando o fluxo de pessoas e o trânsito de veículos; proibição de aglomerações em bares, restaurantes e espaços públicos e fechamento de portos hidroviários, acessos rodoviários e rotas aéreas. Um largo esforço para promover a conscientização acerca dos cuidados necessários às vidas das pessoas que passam pelo distanciamento social, isolamento, higienização pessoal e ainda uma longa espera pela vacinação coletiva.

De outro lado, tentativas para manter o mercado aberto e minimamente em funcionamento com vistas a interromper o fechamento definitivo de portas comerciais; garantir a retomada do turismo como alternativa econômica imediata para sustentação de empregos, trabalho e geração de renda.

Com este objetivo, esforço do segmento de hotelaria, bares e restaurantes de todo o Brasil se prepararam antecipadamente para receber visitantes e clientes em possíveis feriados e fins de semana. O período de 12 a 17 de fevereiro seria marcado pelo período de canaval. Uma vez cancelado todos os eventos carnavalescos do Brasil e sob a determinação de decretos reduzindo e ora impedindo a circulação de pessoas entre municípios, o prejuízo de empresários, micro e pequenos empreendedores, que tentam manter-se no mercado, é inevitável.

À Associação Brasileira de Indústria de Hotéis / ABIH –Nacional, rede hoteleira de diversos destinos do país, se preparou antecipadamente para o período e acabou amargando mais um grande prejuízo. O presidente da ABIH Nacional, Manoel Linhares pediu atenção e solicitou ao governo federal medidas urgentes que socorram o setor. “A atual taxa de ocupação não cobre nem ao menos os custos operacionais”, declarou Linhares, segundo ele, é preciso adotar medidas de recuperação para o setor. “Precisamos de medidas assertivas como a suspensão da cobrança das parcelas dos fundos de financiamentos também em 2021 e a reprogramação dos pagamentos para depois de 2022”, declarou.

Os números confirmam o desafio do setor de turismo. Em Salvador, por exemplo, a ocupação dos hotéis em janeiro deste ano foi de 55% e em dezembro do ano passado foi de 50%. A previsão para alta temporada do período carnavalesco é que a ocupação seja 70% inferior que a registrada em 2020 no mesmo período. Situação semelhante no Rio Grande do Norte, cuja ocupação não deve ultrapassar os 55% com o cancelamento do carnaval.

Baixas de ocupação registradas em todos os estados brasileiros. Na região Norte não é diferente. A situação é grave, mais especialmente para hotelaria do estado do Amazonas, cuja ocupação em 2020 foi de 24%, este ano, sob o efeito do decreto fechando comércio e suspendendo todas as atividades e acessos por estradas e rios e ainda com a limitação de voos, a ocupação hoteleira ficou perto de 14% no mês de janeiro, com um público composto na sua maioria por pessoas da área da saúde. A tendência é de redução na taxa de ocupação para o mês de fevereiro de 2021.

No Pará, a rede hoteleira apresentou alta na ocupação hoteleira no fim do ano de 2020, fato que estimulou a empresários e empreendedores buscarem tentativas financeiras para se preparar para uma alta de ocupação durante o período carnavalesco, no entanto, o governo estadual, no último dia 8 de fevereiro de 2021, baixou o Decreto nº 1.310, restringindo a circulação rodoviária e hidroviária, de passageiros, sob a justificativa da pandemia da Covid-19 e avanço do contágio do coronavirus.

Determina o Decreto em seu Art. 1º (I), a proibição de entrada de pessoas oriundas do estado do Amazonas por via rodoviária e hidroviária; (II) a entrada e saída de passageiros por meio de quaisquer linhas hidroviárias entre o Arquipélago do Marajó e a Região Metropolitana de Belém (RMB), no período compreendido entre as 00:00 hs do dia 12 de fevereiro de 2021 e às 23h59 do dia 17 de fevereiro de 2021. Fica liberada a circulação de cargas e passageiros que comprovem deslocamento em razão de desempenho relacionadas à atividades essenciais.

Em caso de descumprimento, sansões podem ser aplicadas, como advertências e multas no valor de até 10 mil reais por embarcação e ainda apreensão da embarcação e do veículo.

Segundo o governador do Estado do Pará, Helder Barbalho, é necessário interromper esta nova onda de contágio da Covid 19. O governador disse que o Decreto atende ao pedido da Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó, que alega o aumento de casos da Covid 19 na região. “A circulação de pessoas em quantidade poderia agravar em muito essa realidade”, declarou.

Diante do aumento do número de óbitos e o crescimento do número de pessoas confirmadas com a doença, equipes da saúde foram encaminhadas ao Marajó para dar suporte técnico.

Outras medidas estão sendo tomadas para reduzir o contágio e atender a pacientes em estado moderado e grave nos municípios do Marajó. No último dia 6, a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa) entregou ao Arquipélago do Marajó um total de 140 cilindros de oxigênio, distribuídosentre os 16 municípios. Segundo o titular da pasta da saúde, Rômulo Rodovalho, esta foi uma estratégia para não deixar faltar oxigênio na região. “Estamos abastecendo os municípios com oxigênio como medida preventiva”, declarou.

Segundo o secretário Regional de Desenvolvimento do Marajó, Jaime Barbosa, faz-se necessário esse controle, pois a vida das pessoas precisa ser preservada. “O Governo do Estado tem a responsabilidade com a saúde e a vida das pessoas. É preciso fechar agora para interromper o aumento do contágio e evitar o agravamento da situação. As distâncias são grandes. É urgente interromper essa pandemia. Estamos trabalhando com medidas preventivas e campanhas de conscientização e mesmo mediante a possibilidade do deslocamento aéreo para casos graves até a capital, não podemos aumentar nesse momento o fluxo de pessoas nos municípios do Marajó. Precisamos fechar agora e se preparar para uma retomada segura em breve”, ressaltou Jaime Barbosa.

Município de Soure de portas fechada. Medidas preventivas no combate ao avanço do coronavírus no Marajó.

Viagens a Ilha do Marajó estão suspensas por decreto governamental

Com o Decreto nº 1.310, restringindo a circulação rodoviária e hidroviária, de passageiros, sob a justificativa da pandemia da Covid-19 e avanço do contágio do coronavirus, os turistas interessados em viajar para a Ilha do Marajó, no Pará, terão de reprogramar suas viagens. Na última terça feira, (9), o governador do Estado, Helder Barbalho (MDB), publicou novo decreto que suspende no período de 12 de fevereiro (sexta-feira) até 17 de fevereiro (quinta-feira) a entrada e a saída de passageiros por qualquer linha hidroviária entre o arquipélago do Marajó e a região metropolitana de Belém.

De acordo com o decreto, só será permitido o tráfego de passageiros e cargas que comprovem alguma atividade essencial. As entidades governamentais irão fiscalizar para que haja o cumprimento da lei. No caso de descumprimento, a multa será no valor de R$ 10 mil reais por embarcação.

Empresários do turismo na Ilha do Marajó criticaram o decreto em razão da sua publicação inesperada. Para Toni Santiago, a determinação do Governo do Estado amarga mais um grande prejuízo ao setor de turismo. Os municípios do Marajó foram surpreendidos com o Decreto que fecha os acessos à Ilha, no período de 12 a 17 de fevereiro. O presidente da ABIH no Pará lamentou profundamente. “Não sou contra as medidas restritivas à pandemia, mas a providência foi tomada com apenas três dias de antecedência. Os pacotes hoteleiros foram oferecidos e vendidos antecipadamente; passagens dos ferry boats foram vendidas; comerciantes se preparam para o feriado de carnaval e garantiram armazenamento de mercadorias e agora fica a pergunta sobre o que fazer para reverter esse prejuízo. Se antes já estava difícil, agora piorou. Como vamos retomar o turismo com essas iniciativas”, exclamou o representante do turismo. Toni Santiago ressaltou que essa determinação deixará prejuízos enormes para os municípios, em especial Salvaterra e Soure, as duas cidades que mais recebem turistas no Marajó.

Portos hidroviários estão de portas fechadas