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Pólo Belém

Natureza, gastronomia e religiosidade na Belém das águas

Cidade das mangueiras, do Círio de Nazaré, dos casarões, do carimbó, do açaí, do tacacá…É difícil definir o grande destaque de Belém do Pará. Belém é daquelas cidades que para conhecer tem que sentir. Mas para se ter uma prévia do que espera o visitante em terras belenenses, podemos começar falando dos sabores que, cada vez mais, tem atraído gente de todo canto do mundo. Reconhecida como “Cidade Criativa da Gastronomia” pela Unesco, a capital paraense tem sua riqueza culinária associada também à vasta biodiversidade da região. Os pratos que, em sua maioria, têm como base o conhecimento indígena, misturam temperos, frutas, peixes e animais da Amazônia, em uma explosão de gostos e sensações peculiares. Entre os pratos típicos estão o tacacá, a maniçoba, o pato no tucupi e o açaí, líquido extraído do fruto batido e saboreado com diversos acompanhamentos.

A capital também é cheia de riqueza arquitetônica. Em suas ruas, casarões, construções, palacetes, igrejas e patrimônios conferem à cidade uma beleza colonial. Grande parte é herança do ciclo da borracha – período mais próspero da história da cidade –, como o Theatro da Paz, um dos mais luxuosos do Brasil. A imponente construção de 1878 tem estilo neoclássico e materiais e objetos de decoração europeus. No centro da cidade, de frente para a Praça da República, o teatro oferece visitas diárias com demanda espontânea e também mediante agendamento.

Belém é cercada por águas e está localizada às margens da baía do Guajará, encontro dos Rios Guamá e Pará, que banham as orlas urbana e portuária. Por isso, além de ser acessada por vias terrestres e aérea, também é possível chegar à cidade de barco. A relação com as águas marca a rotina, a economia da cidade e ajuda a delimitar o turismo local. Boa parte dos cartões postais belenenses está ligada à presença dos rios.

Um dos lugares mais visitados em Belém é o Mercado do Ver-O-Peso, maior feira livre da América Latina, conhecida por sua variedade de produtos. Por lá, é possível comprar temperos, frutas, castanhas, peixes, artesanato e se deliciar com pratos típicos, como a combinação bem paraense de açaí com peixe frito. É lá, no mercado, que se encontram as erveiras, famosas pela venda de banhos e ervas milagrosas para os mais diversos fins, símbolos de sabedoria e crença popular. No fim da tarde, principalmente aos fins de semana, o “veropa” – como é conhecido carinhosamente pelos paraenses – também é ponto de encontros para quem gosta de apreciar uma cerveja gelada de frente para o rio. Tudo regado a muito carimbó, claro. Além da feira livre, compõem o Ver-O-Peso os mercados de carne e de peixe, duas construções com arquiteturas grandiosas.

Lado a lado com a feira, está a Estação das Docas, antigo porto que foi revitalizado e transformado em complexo turístico. É de lá que se pode apreciar um dos pores do sol mais contemplados de Belém. De frente para a baía do Guajará, o fim de tarde desenha no céu uma pintura com tons rosa e alaranjado. Vista que é comumente apreciada enquanto se toma um sorvete ou um chopp nos diversos restaurantes e lanchonetes do espaço. Além de ser um polo gastronômico, a Estação das Docas reúne lojas de marcas paraenses, venda de souvenirs, cervejaria artesanal, serviços e espaço para eventos. Há também programação fixa com apresentação de cantores paraenses, espetáculos de teatro ao ar livre e de grupos folclóricos que divulgam os ritmos e danças tradicionais da região.

Pertinho dali, está o bairro da Cidade Velha, que guarda algumas das maiores belezas de Belém. A porta de entrada do bairro é também o núcleo que deu origem à cidade, o Complexo Feliz Lusitânia. O complexo é formado pela Casa das Onze Janelas, o Forte do Presépio, o Museu de Arte Sacra, a Praça Frei Caetano Brandão e duas igrejas históricas: a Igreja de Santo Alexandre e a Catedral de Belém – conhecida como Igreja da Sé. É desta catedral que sai uma das maiores manifestações religiosas do mundo, o Círio de Nazaré.

Em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, o círio ocorre no segundo domingo do mês de outubro, em uma procissão onde se estima a presença de dois milhões de romeiros acompanhando a procissão. Com destino à Basílica de Nazaré, os devotos conduzem a berlinda com a imagem peregrina de Nossa Senhora em uma manifestação de fé e oferenda. A festa católica já ocorre há mais de 200 anos e é o principal evento de movimentação turística de Belém. No mês de outubro, a cidade chega a receber cerca de 80 mil visitantes oriundos de vários lugares do mundo, sendo grande parte do interior do Pará. O lugar mais visitado da época é a igreja símbolo da festa. A Basílica de Nazaré é uma construção do início do século XX que, segundo a tradição católica, foi erguida no local onde a imagem original da Virgem de Nazaré foi encontrada, achado que deu origem ao círio.

Quem vai à cidade em outubro, ou em qualquer época do ano, se depara com uma Belém de belezas naturais. Na capital, a natureza está nos rios, nos corredores de mangueiras, na assídua chuva da tarde e na rica fauna, marcada pela presença de aves, como periquitos e garças. Alguns lugares são recantos dessa rica biodiversidade, fazendo de Belém uma pedida para quem procura ecoturismo. Os mais tradicionais são o Bosque Rodrigues Alves, área de preservação ambiental (APA) construída no século XIX com 80 mil espécies de flora e fauna, e o Museu Paraense Emílio Goeldi, instituição de pesquisa que preserva parque zoobotânico, possuindo como um dos atrativos o mais antigo aquário público do Brasil. Ambos os espaços são muito procurados para passeios em família e acessíveis por valor simbólico de ingresso.

Entre os recantos naturais mais recentes, está o Mangal das Garças, parque zoobotânico localizado no bairro da Cidade Velha. São 40.000 m² de natureza, com aves, répteis, quelônios, árvores amazônicas, museu, restaurante, farol com vista para a cidade e o maior borboletário da América Latina. Tudo isso de frente para o Rio Guamá, o que permite uma paisagem privilegiada. Ao lado do Mangal, margeando a cidade, está o Portal da Amazônia. O local é um calçadão com quiosques, botecos e quadra de esportes, bastante procurado para corridas, caminhadas, ciclismo e patinação.

Outro lugar que tem chamado a atenção dos esportistas é o recentemente inaugurado Parque do Utinga. Mais afastado do centro da cidade, no bairro do Curió-Utinga, a Unidade de Conservação Ambiental possui uma área de 1.340 hectares e conta com pista de 4 km para a prática de atividades esportivas. A sensação que se tem é de se estar fora de Belém, sem precisar sair da cidade. O ar puro e o clima fresco de mata fazem de uma caminhada pelo parque um roteiro imperdível para os amantes do ecoturismo. Além dos passeios tradicionais, o parque também oferece, mediante agendamento, trilhas monitoradas, rapel, canoagem e outros esportes de aventura.

E se a intenção é aproveitar a natureza ao máximo, não se pode deixar de conhecer a Belém das ilhas. A mais procurada é a do Combu, com restaurantes e bares que oferecem o melhor da culinária regional. A travessia dura aproximadamente 15 minutos e é feita a preços populares – em média 5 reais –, em embarcações que saem da Praça Princesa Isabel, no Guamá, bairro onde está localizado o campus universitário (da Universidade Federal do Pará). Desde o trajeto, é possível apreciar as belezas naturais e observar a rotina das cerca de 200 famílias que vivem no Combu. O almoço na ilha também pode ser combinado com uma visita à fábrica de chocolate da Dona Nena, onde dá para experimentar chocolate artesanal totalmente produzido no Combu. E, para se refrescar do calor, o visitante também pode tomar um banho nas águas geladas do rio, com segurança, nas áreas delimitadas pelas barracas.

Outra ilha bastante procurada é Cotijuba, com 15 quilômetros de praias. A ilha é banhada pelas Baías do Marajó e do Guajará permitindo um banho morno e paisagem tranquila. Para chegar em Cotijuba é preciso pegar um barco em travessia feita pela manhã, com saída do Porto de Icoaraci, Distrito de Belém, que também é uma atração à parte. Icoaraci, apelidada de Vila Sorriso, é conhecida por sua orla, com charme bucólico e tranquilidade durante o dia e agitação pela noite. No local, restaurantes, bares, barracas de café da manhã e, o grande atrativo do local, a Feira de Artesanato do Paracuri, onde é possível adquirir cerâmicas, artefatos de madeira, arte indígena e souvenirs.

Assim como Icoaraci, também pertence a Belém o Distrito de Mosqueiro, ilha fluvial bastante procurada pelos paraenses. Além da população local, Mosqueiro recebe frequentemente pessoas  de Belém e de outras regiões próximas, muitas delas com casas de veraneio na ilha que acaba sendo local de passeio nos fins de semana e férias. A ilha possui 16 praias de água de rio. O acesso é feito por estrada, primeiramente pela BR-316 e depois pela PA-391, distando 70 km do centro da capital.

Por ser a metrópole da Amazônia, Belém é referência quando se fala em Região Norte. A capital é bem servida em malha aérea e rede hoteleira, o que faz com que a cidade também seja procurada para a realização de eventos, congressos e feiras. O turismo de eventos vem crescendo na capital paraense; não é à toa que Belém possui o maior centro de convenções da Amazônia, o Hangar. Além da boa estrutura, o espaço chama a atenção por sua beleza. Sendo um antigo hangar da aeronáutica, foi adaptado para a atual finalidade, porém conservou as características da construção anterior, compondo um ambiente eficiente e sofisticado.