Quer mais leituras?

Voltar

A importância dos dados para uma gestão assertiva no turismo

Turismóloga, pesquisadora, autora do livro “Big Data no Turismo: Conceito e Aplicações” e, atualmente, doutoranda na Universidade de Aveiro, em Portugal, Rayane Ruas trabalha há 15 anos no turismo. Em entrevista exclusiva para a jornalista Isa Arnour, ela conta toda a sua trajetória profissional e o que a levou fundar a SPRINT Dados, empresa de consultoria, especializada em desenvolver soluções para a gestão por dados no turismo.

Confira a entrevista completa:

Como iniciou sua trajetória no turismo?
RR: Trabalho no turismo há 15 anos e como cheguei ao turismo é uma coisa muito curiosa: com a intenção de estudar jornalismo, escrevi-me no curso por acaso, pois a universidade que queria não tinha aberto turma e, em apenas seis meses, apaixonei-me pelo turismo e nunca mais quis sair. Desde a minha graduação, trabalho com planejamento e os dados e informações sempre foram fundamentais para mim. Então, toda a minha trajetória profissional está relacionada tanto com o planejamento quanto por essa gestão baseada em dados.

De que forma e porque surgiu a SPRINT Dados?
RR: Eu vim para Portugal em outubro de 2018, para fazer o doutorado em turismo na Universidade de Aveiro. E no doutorado investigo a utilização da tecnologia como fonte de dados para o turismo; principalmente o Big Data e quais os efeitos e impactos.
Todo o processo acadêmico me mostrou as grandes oportunidades que nós temos para a gestão do turismo. Com dados de qualidade é possível ter uma gestão mais eficiente e podemos impulsionar o turismo a partir das informações de qualidade.
Então, criei a SPRINT Dados, que é uma empresa binacional. Eu estou aqui em Portugal a maior parte do tempo, mas a sede é no Brasil. Portanto, SPRINT Dados é uma empresa brasileira. Nós temos uma equipe híbrida que trabalha quase metade aqui em Portugal e outra metade no Brasil, em diferentes estados. Com uma equipe multidisciplinar, cada profissional enriquece a equipe com a sua expetise, para que possamos trabalhar de maneira integrada, independente da distância física.
A SPRINT Dados surgiu para fazer a ponte entre os dados, a tecnologia e a inovação e o setor turismo, para que esses dois universos pudessem ter um especialista tanto com a compreensão do turismo como com o entendimento dos dados. Assim, nós temos como principal pilar justamente essa difusão da informação, do conhecimento e da alfabetização em dados.
Também trabalhamos com produtos personalizados, porque entendemos que cada destino, cada gestor, cada cidade, tem a sua necessidade quando se trata de dados. Desta forma, trabalhamos com metodologias próprias e com processos personalizados, de acordo com as necessidades e desejos de cada gestor.

Por que contratar a SPRINT Dados?
RR: Apesar de a SPRINT Dados ter surgido há pouco mais de um ano, os profissionais que a compõem formam uma equipe multidisciplinar, com muita experiência tanto no setor de turismo como na área de processamento de dados, programação, estatística, design, dentre outras. Eu tenho 15 anos de experiências no turismo; estive por 5 anos no observatório do turismo, em Brasília. Temos profissionais que atuam há mais de 30 anos no turismo, em políticas públicas para o turismo, por exemplo, que já atuou em uma subsecretaria de políticas públicas de turismo, nos duas temos uma bagagem profissional que se complementam. Outro exemplo, o nosso desenvolvedor tem mais de 30 anos na área de análise de sistemas, compondo e desenvolvendo projetos de grandes magnitudes, o que traz uma interdisciplinidade aos nossos projetos. Enfim, eu fico muito satisfeita de ver a SPRINT se tornar cada vez mais robusta e com bastante conhecimento para atender as especificidades de cada cliente.

Quais as soluções que a SPRINT Dados oferece aos seus clientes?

RR: A SPRINT Dados oferece consultoria para que os gestores possam melhor entender, compreender as opções de dados para a gestão do seu destino ou negócio e, ainda, quais delas se adéquam melhor às suas necessidades. Nós desenvolvemos painéis a partir de dados e informações que os gestores já possuem, tanto das fontes oficiais como a partir de pesquisas primárias.
Desenvolvemos também dashboards, ou seja, painéis interativos, com o objetivo de tornar os dados mais acessíveis e convidativos aos gestores. Dessa forma, eles podem ter autonomia para analisá-los de uma forma intuitiva e bastante ágil.
Por fim, temos um portfólio de soluções baseadas em Big Data e oferecemos para cada cliente, os melhores provedores de informação. Reforçamos que não existe o dado perfeito, portanto, apresentamos os benefícios e particularidades de cada fonte de informação e como elas podem se complementar para que gestores identifiquem as melhores alternativas.

Conte sobre os seus clientes e que soluções na prática foram dadas pela SPRINT Dados?

RR: Nós temos uma gama bastante ampla de tipos de clientes e produtos oferecidos. Cada processo é bastante individualizado. Por exemplo, o Pólo Sebrae de Ecoturismo já tinha um grande volume de dados e nós fizemos uma curadoria para identificar o que era mais relevante para o turismo para que os gestores pudessem dar os primeiros passos na gestão por dados.
Sugiro que façam uma visita ao Pólo Sebrae de Ecoturismo, lá em Bonito, e conheçam um pouco das tecnologias e de como nós podemos melhor gerir os destinos.
Já o Circuito de Águas Paulistas, em São Paulo, são 11 municípios que tinham como desafio entender melhor como funcionam as atividades econômicas nessas cidades, não só do turismo, mas também como atrair investimentos e os índices de qualidade de vida. Nós fizemos para eles uma curadoria dos dados oficiais disponíveis, selecionamos os mais relevantes de acordo com os objetivos da Agência de Desenvolvimento do Circuito das Águas Paulista e colocamos isso em um painel para que eles pudessem se compararem entre si e com outras cidades de referência.
A Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul tinha o desejo de ter uma plataforma totalmente interativa e digital, com dados oficiais, primários e de Big Data, para que eles pudessem melhor compreender o setor de turismo e oferecer ao mercado insumos para que alcançassem os melhores resultados. Neste caso, desenvolvemos uma plataforma bastante robusta, que dá o entendimento do Estado como um todo, mas que mantém a particularidade de cada destino e de cada cidade.
A Braztoa é o nosso cliente vitrine. Nós trabalhamos com eles há mais de dois anos e atualmente temos o privilégio de ser a consultoria de inteligência de uma das mais relevantes entidades representativas do setor. Para eles, fazemos boletim de inteligência, analisamos os dados estatísticos para o Anuário Braztoa, realizamos consultorias exclusivas e específicas para os seus associados, desenvolvemos o Prêmio Braztoa de Sustentabilidade, definindo os critérios de avaliação e formulário de inscrição com a definição de quais as informações que cada candidato deve colocar no seu processo de inscrição.
A Mariana Aldrigui é uma pesquisadora renomada, que neste momento está na Embratur; no ano passado consolidamos a metodologia de pesquisa, os indicadores e coeficientes relativos às atividades turísticas propostos por ela e colocamos tudo isso em um painel interativo que permitia a análise acadêmica de uma forma muito ágil. Então, nós temos uma atuação bastante diversa que vai desde a academia, instituições representativas do setor até os destinos como um todo, seja ele um município, Estado e quem sabe até um país.

O que é o Big Data e qual sua aplicabilidade?

RR: O Big Data é um tema que está na pauta, bastante amplo e que tem muito a ser esclarecido e discutido. Com o objetivo de contribuição para a difusão do tema, lancei o livro “Big Data no Turismo: Conceito e Aplicações” com o selo editorial do Laboratório de Estudos em Turismo e Sustentabilidade da Universidade de Brasília (UnB).
Mas, respondendo a sua pergunta, o principal ganho do Big Data é a obtenção de informações com qualidade e assertividade, reduzindo o tempo de coleta e ampliando drasticamente a amostra. Portanto, o Big Data permite suprir a necessidade de informações para uma tomada de decisão assertiva, para os mais diversos gestores.
Não existe uma solução perfeita, mas o Big Data traz uma grande gama de possibilidades de nós trabalharmos com o turismo de forma mais eficiente.

Como funciona o desenvolvimento de uma gestão no turismo pautada em dados?

RR: Trabalhar com dados garante maior qualidade de uma gestão, assim como a sua eficiência. Permite que os gestores direcionem o seu olhar e suas iniciativas, o seu marketing e a sua infraestrutura, exatamente para os pontos que trarão melhores resultados.
Os dados mostram quem são os consumidores e os clientes potenciais. Apontam quais são as fragilidades e qual setor carece de maior atenção para melhor estruturação do destino turístico, permitindo que os gestores tomem decisões com base em fatos e não a partir da intuição.
Vamos a um exemplo da diferença de ter ou não dados. Uma secretaria de turismo é convidada a participar de uma feira aqui em Portugal. Sem dados, essa secretaria irá trazer todos os seus produtos mais consumidos e as atrações de costume. No momento em que a secretaria tem uma gestão baseada em dados, recebe a informação de que o mercado português valoriza a gastronomia e a cultura, então, para aquele evento em específico, não deverá promover o seu produto principal, que poderiam ser as praias, com tanta evidência, e deveria reforçar a diversidade gastronômica, suas atrações culturais e diferenciais. Ter uma gestão baseada em dados é utilizar as informações para ressaltar o que interessa para aquele público-alvo. É entender os mercados consumidores para ações mais acertadas e compreender como melhor se posicionar.

Por que contratar a SPRINT Dados e o que a difere no mercado?

RR: O nosso diferencial é a personalização. Diferente da maioria das empresas que oferecem soluções com dados, não possuímos uma plataforma e damos uma credencial a cada cliente. Iniciamos cada projeto com uma consultoria para entender a necessidade do gestor. Em seguida estruturamos, modelamos e desenvolvemos os produtos conforme a necessidade de cada um dos envolvidos.
Então, fazemos a curadoria para extração e utilização dos dados, mas também fazemos automação de alguns processos de coleta primária. Desenvolvemos dashboards a partir de dados que os destinos já possuem ou dados comprados. A partir disso, vamos para o universo do Big Data, em que mais uma vez utilizamos a nossa experiência para selecionar os melhores provedores e apresentarmos o melhor custo benefício para cada destino.
Se o gestor deseja se diferenciar dos seus competidores, damos soluções, insights, sugestões de como a sua gestão pode ser mais eficiente. Contratar a SPRINT Dados é valorizar os recursos que você tem e, principalmente, direcionar para ações mais assertivas a fim de conseguir os objetivos e resultados da gestão.