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Círio 2022 – Mar de gente movido à fé e gratidão

Após dois anos sem percorrer as ruas de Belém, capital do Pará, a procissão dos devotos de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira dos paraenses, neste ano superou dois milhões de pessoas (segundo estimativa da Secretaria de Segurança Pública (Segup) e órgãos de segurança), que fizeram do 230º. Círio de Nossa Senhora de Nazaré o maior da história deste mega evento do turismo religioso na Amazônia e no Brasil. Observadores internacionais, impressionados diante da demonstração de entrega do povo ao culto da imagem da santa que apareceu ao pescador Plácido, no início do Século XVIII (1793), às margens de um córrego onde hoje está erguida a Basílica Santuário de Nazaré, no bairro que leva o mesmo nome, definiram a homenagem popular como um “mar de gente movido a fé e gratidão”.

Além de 12 outras romarias, uma inclusive fluvial, a realizada no segundo domingo de outubro levou cinco horas para percorrer o trajeto desde a Catedral da Sé (localizada no bairro da Cidade Velha) até o Centro Arquitetônico de Nazaré. O fervor, a emoção, a contrição, superação e incontáveis demonstrações de fé e gratidão fazem deste evento religioso algo de “indescritível” que levou às lágrimas centenas de milhares de turistas (vindos de todas as partes do planeta) assim como fiéis do Estado do Pará e demais Estados brasileiros.

Impressiona bastante o expressivo número de “pagadores de promessas” percorrendo de joelhos os três quilômetros e 600 metros (distância entre a Catedral da Sé e a Basílica de Nazaré) como forma de pagar à santa graças alcançadas. Outro espetáculo de impacto é o sacrifício feito pelos fiéis que optam por participar da concorrida romaria agarrados na corda que protege a berlinda na qual é conduzida a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. A ornamentação do pequeno veículo e do andor no qual vai a imagem peregrina da santa é outro ponto de admiração em vista da utilização de flores multicoloridas e adereços (renovados a cada ano) que retratam o carinho e a veneração ao símbolo maior da devoção dos católicos amazônidas.

A partir do início das movimentações para a esperada procissão do Círio até o seu final foram realizadas mais de 600 abordagens pela Polícia Militar. A Cruz Vermelha e a Defesa Civil realizaram, por outro lado, 320 atendimentos, além de 110 ocorrências registradas pela Polícia Civil. Nos postos de atendimento médico integrado (Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) e Defesa Civil de Belém) durante as procissões da Trasladação (no sábado) e do Círio de Nazaré (no domingo) foram contabilizados 306 atendimentos. A maioria destes casos foi relativa a mal-estar e ferimentos nos pés e joelhos.

Após dois anos longe das ruas durante a procissão, a Cruz Vermelha retomou as ações do “Projeto Círio” com cerca de quatro mil voluntários dispostos em 20 pontos de atendimento durante os trajetos da Trasladação e do Círio com atendimentos pré-hospitalares. Para o voluntário Aloizio Teixeira Júnior, 32 anos, apesar da sua experiência de bombeiro civil, atuar na Cruz Vermelha “foi diferente de tudo o que havia visto. É muito gratificante. São muitos atendimentos e, felizmente, somos uma equipe muito bem treinada e comprometida em ajudar as pessoas. É um sufoco, mas estamos aqui para um ato de fraternidade. O grande prêmio do voluntariado é a gratificação que a gente sente. Ajudar os nossos semelhantes nos faz sentir mais humanos e fortes”, concluiu.

Por Nilton Guedes, editor do site Pará Trip