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Filarmônica de Minas Gerais realiza concerto gratuito no Theatro da Paz na terça-feira (31)

Em celebração aos seus 15 anos, a Filarmônica de Minas Gerais, uma das mais importantes orquestras da América Latina, promove concerto gratuito em Belém (PA), no dia 31 de outubro, no Theatro da Paz, às 20h. Conduzida pelo seu Regente Associado, maestro José Soares, a Orquestra vai interpretar a última sinfonia de Haydn, a Sinfonia nº 104 em Ré maior, Hob. I:104, “Londres”; O Escravo: Alvorada, de Carlos Gomes, obra recém-gravada pela Orquestra no CD dedicado ao compositor e lançado neste ano, e a belíssima suíte do balé A bela adormecida, de Tchaikovsky. O concerto é apresentado pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

A apresentação é gratuita, e os ingressos poderão ser retirados no mesmo dia, a partir das 9h, na bilheteria do teatro e pela internet, em fil.mg/belem, limitados a dois ingressos por pessoa.

No dia anterior ao concerto, o maestro José Soares e doze instrumentistas da Filarmônica ministrarão aulas técnicas de instrumentos para 24 integrantes do projeto Vale Música Belém, na sede da Fundação Amazônica de Música (FAM). Depois desse momento de aprendizado, os alunos do projeto se encontrarão com toda a orquestra na terça-feira, dia 31, no palco do Theatro da Paz, e participarão de duas peças do concerto.

Para o maestro associado da Filarmônica de Minas Gerais, José Soares, “a itinerância é um dos principais alicerces nas atividades da Filarmônica de Minas Gerais. Fazendo jus ao imenso estado que leva o nome da orquestra, temos o prazer de incluir no nosso próximo itinerário a cidade de Belém. O privilégio de tocar no Theatro da Paz, cercado por um ambiente de tradição artística de grande beleza e diversidade, nos dá muita alegria”. Referindo-se ao trabalho educativo dessa viagem, o maestro diz que “para deixar a ocasião ainda mais especial, teremos a oportunidade de interagir com alunos do programa Vale Música de duas formas: além das aulas técnicas que vamos oferecer, eles se juntarão aos nossos músicos em duas obras do concerto! Formaremos, então, uma grande orquestra, cuja troca de experiências será certamente muito enriquecedora para todos nós”.

O maestro José Soares explica que a interlocução dos músicos da Filarmônica com instrumentistas ainda em formação “conversa diretamente com o programa que estamos levando. Acreditando na importância de se aprofundar nos pilares do repertório para o desenvolvimento de uma orquestra, vamos tocar junto com os alunos a Sinfonia nº 104 de Haydn, obra vibrante que exalta um período de júbilo na vida do compositor – certamente similar à alegria que estaremos sentido. Na segunda parte, vamos homenagear o grande músico que passou a última fase de sua vida em Belém: Antônio Carlos Gomes, com a sua Alvorada da ópera O Escravo, também com a presença dos alunos. Como não bastasse saudar o despertar do Sol em um lugar cercado por uma natureza única, a Filarmônica nos levará aos ‘sonhos melódicos’ da Suíte do balé A bela adormecida, de Tchaikovsky. Assim, fazemos a união de duas atividades inerentes à nossa missão: compartilhar a beleza da música sinfônica e atuar – ensinando e aprendendo – na formação e capacitação musical das novas gerações”, conclui o maestro.
A idealizadora do Vale Música Belém, professora Glória Caputo, diz que “além dos sonhos melódicos, vários sonhos serão realizados na união de uma fantástica orquestra com jovens do nosso Projeto, dando a eles uma experiência que será inesquecível em suas vidas. Obrigado a todos que fizeram o sonho se transformar em realidade!”, conclui.
O projeto tem realização do Instituto Cultural Filarmônica, Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de MG, Governo de Minas Gerais, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Maestro José Soares, regente associado da Filarmônica de Minas Gerais

Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo sido seu Regente Assistente nas duas temporadas anteriores.

Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio, edição 2021 (Tokyo International Music Competition for Conducting). José Soares recebeu também o prêmio do público na mesma competição.

Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo, iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou Regência Orquestral com o maestro Claudio Cruz, em um programa regular de masterclasses em parceria com a Orquestra Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. Participou como bolsista nas edições de 2016 e 2017 do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, sendo orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich. Recebeu, nesta última, o Prêmio de Regência, tendo sido convidado a atuar como regente assistente da Osesp em parte da temporada 2018, participando de um Concerto Matinal a convite de Marin Alsop.

Foi aluno do Laboratório de Regência da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em julho desse mesmo ano, teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin, como parte do programa de Regência do Festival de Música de Parnü, Estônia.

Ao final de 2021, recebeu o prêmio da crítica na categoria Jovem Talento da Revista Concerto. No ano de 2022, regeu as Orquestras Sinfônicas NHK de Tóquio e MÁV Symphonie Orchester em Budapeste.

Em 2023, regeu a New Japan Philharmonic, a Orquestra Sinfônica de Hiroshima e a Orquestra Filarmônica de Nagoya, no Japão, e fez sua estreia como convidado da Osesp.

Repertório

Franz Josep Haydn (Rohrau, Áustria, 1732 – Viena, Áustria, 1809) e a obra Sinfonia nº 104 em Ré maior, Hob. I:104, “Londres” (1795)

Depois de três décadas servindo à poderosa família Esterházy, uma das mais ricas da nobreza húngara no final do século XVIII, Haydn se mudou para Londres a convite do violinista e realizador de concertos Johann Peter Salomon. Nas duas temporadas que passou em terras britânicas, escreveu suas últimas doze sinfonias, todas comissionadas por Salomon. Longe das demandas da corte e impulsionado pela grande fama que já havia conquistado, Haydn se sentiu mais à vontade para exercer sua liberdade criativa e experimentar novas ideias. As Sinfonias de Londres, como são chamadas, representam o ponto máximo de sua evolução como compositor sinfônico. São obras que crescem em complexidade e nas quais é possível perceber o esforço do artista em alcançar novos territórios. O entusiasmo de Haydn com a efervescência cultural londrina é notável em todo o conjunto, mas aparece especialmente na Sinfonia nº 104 – não é à toa que seu apelido é justamente “Londres”. A Centésima Quarta foi a última sinfonia completa escrita por Haydn e funciona como uma boa síntese dessa fase tão inspirada e feliz. A obra também ficou conhecida como “Salomon”, homenageando, assim, tanto a cidade como o benfeitor que a apresentou a Haydn.

Antônio Carlos Gomes (Campinas, Brasil, 1836 – Belém, Brasil, 1896) e a obra O Escravo: Alvorada (1889)

André Rebouças, amigo de Carlos Gomes, escreveu que o compositor certa vez revelara: “se me dessem agora a escolher entre ir para o céu e ir para a Itália, eu preferiria ir para a Itália”. O entusiasmo de Carlos Gomes está diretamente relacionado à sua admiração incondicional por Verdi. Rebouças também conta que o amigo “apreciava principalmente o amanhecer na floresta; o coro irreproduzível de um milhar de pássaros tinha para ele o maior encanto”. Nessas palavras, Rebouças antevê a composição de “Alvorada”, interlúdio orquestral da ópera O Escravo, escrita na mesma época em que Verdi estava completando a composição de Otello. Por falar nesse ícone da música italiana, geralmente tão comedido em julgar seus contemporâneos, ele havia profetizado, após ouvir O Guarani: “este jovem começa de onde eu termino!”.

Piotr Ilitch Tchaikovsky (Votkinsk, Rússia, 1840 – São Petersburgo, Rússia, 1893) e a obra A bela adormecida: Suíte, op. 66a (1888)
“A bela adormecida é um balé que não pode ser criticado; só pode ser redescoberto”, escreveu a crítica Arlene Croce na revista The New Yorker. Originalmente encomendada por Ivan Vsevolozhsky, diretor do Teatro Imperial de São Petersburgo, em 1886, tinha como proposta inicial que Piotr Ilitch Tchaikovsky escrevesse uma obra dedicada à figura mitológica de Ondina; porém, o autor não conseguiu avançar no trabalho e adiou a entrega do manuscrito. Vsevolozhsky entregou a Tchaikovsky um folheto contendo o famoso conto de fadas La Belle au bois dormant, que despertou o imediato interesse do compositor. Influenciado pelas severas críticas recebidas em 1877 por sua criação anterior, O lago dos cisnes, e pela existência de uma primeira versão de Ondina, destruída pelo compositor, o mestre do romantismo russo buscava evitar os problemas enfrentados no passado. Para isso, manteve-se aberto a possíveis modificações e trabalhou em colaboração próxima com o coreógrafo Marius Petipa. Terminada às oito da noite de 26 de maio de 1889, A bela adormecida foi estreada em 15 de janeiro de 1890, obtendo críticas positivas do público e até um “muito bom” – ainda que seco – do Czar Alexander III. A obra é não somente a mais consistente dos três balés de Tchaikovsky, como também aquela que mais perfeitamente define a essência do balé clássico. Como delineou Arlene Croce, “A verdadeira magia de A bela adormecida, até mesmo para dançarinos, é criada pela partitura de Tchaikovsky. A partitura é o balé”.

Serviço:

Filarmônica de Minas Gerais
Turnê Nacional
Belém – Pará
31 de outubro – 20h
Theatro da Paz

CONCERTO GRATUITO